De professor de história, a oficial das Forças Armadas, a arqueólogo na Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, Diogo Teixeira Dias, 34 anos, é natural de Coimbra. Vive nos Açores desde os 25 anos e tem família em Santa Cruz, na Lagoa.
Começou a vir aos Açores muito novo, com os pais, conta Diogo Teixeira Dias: “já venho aos Açores desde 1992. Tenho família na Lagoa. O meu tio-bisavô paterno veio para cá, por colocação militar. Entretanto casou e a sua descendência são os meus primos da Lagoa,de Santa Cruz”. Inicialmente vinha com os pais, explica, mas depois passou a vir sozinho. “Sempre gostei de vir cá”, afirma. Mais tarde, a vida militar trazia-o novamente aos Açores, mas para ficar.
Fez todo o seu percurso escolar e académico em Coimbra, até aos 25 anos. Licenciou-se em Arqueologia e tornou-se mestre em História. “Sempre quis ser professor de história”, revela. “Olhei para o curso de arqueologia e tinha esta ambivalência de passar, quer pela Arqueologia, quer pela História. Como a Arqueologia era uma área que eu não conhecia, acabei por ir. Fiz Arqueologia e entretanto passei pelo mestrado em História.
Quando acabou a licenciatura, Diogo Teixeira Dias foi professor de História, numa universidade sénior, onde também criava programas de turismo sénior. “Criei um roteiro turístico pela cidade de Coimbra, o “Roteiro Monástico”, que percorre todos os mosteiros e conventos da cidade, com o objetivo de trazer outras universidades seniores”.
“Depois, por razões pessoais, decidi que me devia alistar nas forças armadas e fui fazer o curso de oficiais do exército, na especialidade de infantaria”, recorda o arqueólogo ao DL. Assim, seguiu para Mafra, onde realizou a sua formação militar e de especialidade, cursos de liderança e demais formações de oficial. Diogo Teixeira Dias ficou entre os cinco primeiros classificados do curso e lembra que “o que é engraçado é que todos os primeiros classificados escolheram ilhas. É interessante porque normalmente dizia-se que quem ia para as ilhas eram os últimos”.
“Eu tinha a opção de vir para Ponta Delgada ou para Angra do Heroísmo, para o regimento de guarnição n.º 1. Como não conhecia bem Angra, então decidi ir. Foram os melhores tempos de tropa da minha vida”, considera.
Após seis meses na Terceira, foi convidado para subdiretor do Museu Militar dos Açores, em Ponta Delgada. “Foi uma grande alavancagem na minha carreira, obviamente. Foi ótimo, aos 25 anos ser subdiretor de um museu”, explica o ex-militar.
Após um ano e meio em São Miguel, voltou ao continente português, tendo sido colocado na Direção de História e Cultura Militar, em Lisboa, onde ficou por mais um ano e meio. “Chefiei a secção de heráldica militar, onde aprendi muito”.
Quando finalizou a sua carreira militar, pela qual recebeu voto de louvor, surgiu a Diogo Teixeira Dias a oportunidade de concorrer para arqueólogo para a Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, onde trabalha há quase seis anos.
Entretanto, realizou também outras formações e especializações, nomeadamente especialização avançada em gestão e administração pública, em ilustração histórica e arqueológica e ainda em 3D, para complementar o trabalho que tem desenvolvido em São Miguel, explica o arqueólogo.
Recentemente, Diogo Teixeira Dias trabalhou em escavações no Forte do Tagarete, em Vila Franca. Os trabalhos pretendem descobrir a idade fortificação bem como pôr a descoberto a posição de uma metralhadora da segunda guerra mundial, clarifica o arqueólogo.
Neste momento, está também a desenvolver a sua tese de doutoramento sobre o ilhéu de Vila Franca do Campo, “não enquanto paisagem natural, mas enquanto paisagem cultural e altamente humanizada e transformada. Isso não a desvaloriza, só a enriquece”, realça. Segundo Diogo Dias, há muito potencial arqueológico no ilhéu e as alterações humanas daquele lugar têm de ser trabalhadas cientificamente. “Neste momento, o único potencial que está a ser aproveitado do ilhéu é o facto de ser uma estância balnear. Mas há muito mais”, revela o arqueólogo.
No futuro, prevêem-se novas escavações em Vila Franca do Campo para contar histórias de outros lugares para além do Forte e do ilhéu.
Na ótica de Diogo Dias, “o arqueólogo conta histórias, a diferença entre um arqueólogo e um contador de histórias, é que aquilo que o arqueólogo conta tem uma base científica. O percurso de contar as histórias implica que ele se dedique à defesa do património, implica que ele se dedique à investigação e ao apoio ao planeamento urbano. É nessas estruturas que está o novo modelo narrativo das nossas histórias”, sublinha.
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