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Autora Cláudia Ferreira a caminho do terceiro livro

Aos 20 anos publicou o seu primeiro livro, encontrando no mundo da fantasia o seu lugar. A autora terceirense, Cláudia Ferreira, revela ao Diário da Lagoa que encontrou na escrita e na biblioterapia um caminho de expressão e de ajuda ao próximo

Cláudia Ferreira é natural da freguesia da Ribeirinha, na ilha Terceira, mas escolheu a cidade da Lagoa para viver © DL
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Batalhadora, criativa e sonhadora, é assim que se define Cláudia Ferreira, 33 anos, natural da Ribeirinha, Angra do Heroísmo. Reside em São Miguel há quatro anos e atualmente mora na Lagoa. Escolheu a Lagoa porque lhe faz lembrar a freguesia dos Biscoitos na Terceira e, por isso, “é reconfortante”, afirma. Acrescenta dizendo que tem “outra qualidade de vida” com “menos stress”. 

Cláudia é autora de dois livros, estando o terceiro já escrito à espera de ser publicado. Associa o gosto pela leitura à sua infância. “Sempre percebi que eu, os livros e a escrita tínhamos uma ligação profunda”, começa por contar. “Gostava de me expressar através da escrita e de oferecer textos quando me deparava com alguém que estava mais triste”, continua. 

Ainda era criança quando a sua professora, na escola primária da Ribeirinha, percebeu que Cláudia tinha facilidade com as palavras. “Na altura, os meus pais não perceberam, eu própria não sabia que aquilo era uma paixão e ficou adormecido”. Com 17 anos pertencia ao grupo de jovens da sua freguesia denominado por “Mensageiros da Palavra”. Este grupo convidava, mensalmente, um jovem para escrever um texto que viria a ser publicado posteriormente no jornal da freguesia. Cláudia foi convidada a escrever. “Quando eu vim para casa, sentei-me na secretária, comecei a escrever e aquilo começou a fluir”, diz. Aquele momento “foi como abrir a caixa de pandora, mas num lado positivo”, garante. A escritora conta ao nosso jornal que já se tinha esquecido desta sua facilidade com a escrita. “Era algo mágico que estava ali escondido e que voltou a desabrochar”, nota. 

A partir daí surge um novo ciclo na sua vida. “A princesa de Limaland e a Pedra Mágica”, é o primeiro livro lançado pela autora em 2011. Um ano depois publica a continuação da história com o livro “A princesa de Limaland e o Mistério da Professia”. Estas histórias fazem parte de uma trilogia. “A princesa de Limaland e a Decisão Crucial” é o título do terceiro livro que já está escrito, mas como “há sempre detalhes a melhorar, não há data prevista de lançamento”, confessa-nos.   

A autora revela que não sabe de onde lhe vem a inspiração. “Eu acho que a inspiração é que me escolhe”, conta. Lê, vê muitas séries e filmes, mas quando escreve “é muito natural” e as ideias começam a fluir.

Biblioterapia, terapia através da palavra

Cláudia considera-se uma apaixonada pela literatura, escrita e leitura que encara como uma terapia © DL

Para além do seu trabalho profissional e da escrita de livros é, também, biblioterapeuta. A biblioterapia é uma terapia de diálogo mediada por um livro. Os livros são cuidadosamente escolhidos e podem ser em poesia ou prosa. A biblioterapia remonta ao antigo Egito e era algo já valorizado. A título de exemplo, uma biblioteca em Mênfis, antiga capital do Egito, tinha à entrada uma inscrição que dizia “Palácio para curar a alma” e por isso “os livros já eram vistos como terapêuticos para a alma”, afirma. No entanto, o termo biblioterapia surge em 1916 pelo norte-americano Samuel Crothers quando, ao visitar o seu amigo padre numa igreja, deparou-se com uma sacristia semelhante a um consultório médico onde o padre administrava doses de literatura às pessoas que se apresentavam com determinados problemas. O processo da biblioterapia acontece de forma simples. A mediadora utiliza um livro que permite fazer uma reflexão e após a leitura, cada pessoa irá refletir sobre aquelas palavras, abrindo portas para a catarse. A catarse é a libertação das emoções. O ouvinte absorve a história, identifica-se com as personagens e sentir-se-á “mais aliviado”, contribuindo para “o desenvolvimento pessoal” e ajuda “pessoas com depressão, ansiedade ou outras patologias”, explica Cláudia Ferreira. A biblioterapia funciona melhor em grupo e serve para qualquer pessoa que queira compreender as suas próprias emoções. 

Cláudia descobriu o termo biblioterapia através de um livro e, como nos refere que é “apaixonada pela literatura, escrita e leitura”, quis levar a mensagem desta terapia para outras pessoas, para que percebam que “a literatura pode nos ajudar e pode ser um auxiliar na nossa vida”, diz. Através da rede social Instagram conseguiu encontrar uma formadora oriunda do Brasil. Esta formadora tem uma plataforma online onde é possível, através de aulas por videoconferência, qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, realizar a formação. No Brasil a biblioterapia é mais reconhecida, existindo disciplinas sobre este tema nas universidades do país.

Em conversa com o nosso jornal, conseguimos perceber que, em Portugal, é difícil conseguir formação nesta área. “As pessoas ainda estão muito reticentes”, nota. Acrescenta dizendo que é necessário desmistificar o conceito de ler um livro. “Eu penso que as crianças olham para o livro como uma obrigação”, sendo necessário que elas olhem para o livro como um “refúgio” ou como “algo a que podemos socorrer sempre que tivermos dúvidas, sempre que precisamos de saber alguma coisa”.

Para quem quer escrever um livro, Cláudia deixa a mensagem de que é necessário haver uma boa gestão pessoal do tempo. “É um ofício muito solitário e que exige realmente ficarmos fechados no nosso mundo para que possamos transcrever tudo aquilo que passa na nossa mente”, afirma. 

Oiça a entrevista em podcast

“Pessoas que nos contam” com Cláudia Ferreira

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