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Apropriação

Alexandra Manes
Deputada pelo BE na ALRAA

Ultimamente assistimos aos membros do XIII Governo Regional num desfile de passadeiras e corta-fitas assente na apresentação de trabalhos terminados e galardões conquistados para os Açores.

Este Governo é especialista em anunciar louros anteriores e em dominar esforços dos que lá trabalham. Durante décadas, alguns dos melhores funcionários do país prepararam estratégias, traçaram linhas de ação e deram tudo de si, para fazer desta Região a melhor do mundo em alguma coisa. E no final de 2023 chega alguém, corta a fita e diz que o mérito é desta coligação, e que só não o fizeram mais cedo porque a culpa é dos outros.

O diretor Duarte Chaves e a secretária Sofia Ribeiro fartam-se de aparecer nas câmaras da televisão e nas redes sociais com prémios, cerimoniais e galas. O prémio de melhor coisa. A distinção de coisa do ano. A coisa material e imaterial daqui e de acolá. Mas, na verdade, nenhum dos prémios conquistados e recebidos pertenceram à estratégia deste governo.

Um caso evidente foi o da notícia de 24 de outubro, onde Sofia Ribeiro surge em primeiro plano a reclamar para o seu trabalho a distinção de Património Cultural Imaterial do Carnaval da Ilha Terceira, quando a distinção como Património Cultural Imaterial tinha já sido reconhecida pelo próprio PSD em 2020, em notícia no seu site, a 4 de agosto daquele ano. Ou seja, antes do XIII Governo Regional.

Na verdade, o processo de inventariação das Danças, Bailinho e Comédias do Carnaval da Ilha Terceira começou por volta de 2013, e foi trabalhado ao longo dos anos seguintes, com a entrega do processo e posterior ponderação durante os anteriores executivos. Em plena pandemia, e meses antes da eleição que nos deu a atual conjuntura política, os responsáveis pelo inventário, a nível nacional, finalmente aceitaram integrar essa manifestação na base de dados nacional.

Esse momento é uma assunção das múltiplas heranças que constituem o Carnaval terceirense, feito de pessoas e momentos que ultrapassam as cores, sejam elas laranjas ou mesmo rosas, e que são frutos de uma árvore que este governo certamente não plantou nem pode colher da forma que o fez.

Ficamos na dúvida se esta distinção terá personalidade múltipla ou se foi apenas uma fita que levantaram do chão, colaram e tentaram cortar outra vez.

Outro caso flagrante é a forma como a vice-presidência anuncia tudo e mais alguma coisa, mesmo em momentos repetidos, esquecendo-se de que há passado naquilo que faz notícia por diversas vezes. O mesmo local rende até 3 notícias: uma pela primeira visita, outra pelo projeto e outra pelo roteiro. Basta estar com atenção.

A última novidade é a da recuperação das casas deixadas pelos americanos, na Terceira, como se tivesse partido de uma iniciativa do CDS e do Governo Regional. Entretanto, a proposta foi do BE, em 2019, votada no parlamento açoriano. Está simplesmente a cumprir!

Falta só perguntar qual a razão para ter esperado 3 anos para anunciar tal feito. Estamos em campanha, pois. No entanto, o maior cego é quem não quer ver.