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Apagam-se as luzes… mas não se apague o brilho!

Tal como as estações do ano, cada época tem o seu encanto e possibilita as mais diversas experiências. A vivência do Natal continua a ser uma das mais desejadas por todos, independentemente da idade. Mais velhos e mais novos, dentro ou fora de casa, nas localidades mais próximas ou em terras distantes, todos querem viver e sentir o tal “Espírito de Natal”. Ainda que cada vez mais se tente mercantilizar es “espírito de natal”, cada um à sua maneira saberá o que isso quer dizer e certamente que o viveu da melhor forma.
Com maiores ou menores orçamentos, a quadra natalícia é sempre aquele tempo em que as ruas, avenidas e praças de cada localidade, seja ela maior ou mais pequena, estão com mais luz e cor que resulta da multiplicidade de enfeites que a cada ano tomam novas formas.
O comércio quer atrair clientes, as autarquias querem atrair pessoas, e as pessoas querem sentir-se atraídas para passeios sucessivos olhando as montras, apreciando as cores e as luzes de cada espaço, entrando assim numa vivência muito característica, cada um à sua maneira. Uns querem ver o que há e que se pode eventualmente comprar, outros passeiam e apreciam porque tudo assim convida a que se faça, outros ainda passam e pensam como gostavam de sentir vontade para também comungar de todo o movimento, de todo o brilho colorido que tantos parecem viver e sentir.
Neste momento, quando o primeiro mês do ano já caminha para o fim, as luzes já se apagaram e os enfeites já se recolheram. A vida já voltou ao seu ciclo normal do dia-a-dia, das rotinas apressadas, das lutas contra o tempo! As mesmas ruas, avenidas e praças, sentem-se agora percorridas pelas mesmas pessoas com passos mais largos em ritmos mais acelerados. Os manequins das montras ou os candeeiros que sempre ali estiveram retomam o seu diálogo surdo para ler os rostos de cada um. Pois… agora já não sorriem tanto nem os olhos brilham. As luzes já lá não estão e cada um passa absorvido nos problemas que preocupavam antes e que muito possivelmente continuam a preocupar. Alguns olhares ainda se voltam para as montras que agora anunciam saldos supostamente fabulosos, mas o ritmo da passada e os exageros que talvez tenham cometido não deixam ver o que é que realmente mudou de preço.
Daqui a sensivelmente dez meses as luzes já estarão acesas em cada casa, nas ruas, avenidas e praças de cada localidade e voltarão a brilhar e a fazer brilhar os olhares. Mas, neste entretanto, seria muito interessante que todos conseguissem manter o mesmo brilho do olhar de felicidade e bem-estar verdadeiros. Cada um, no desempenho da sua função, das suas tarefas, no papel que a sociedade lhe reserva é responsável por manter o brilho do olhar de cada um sem a artificialidade das luzes que regressam a cada ano.

Alexandre Oliveira

Professor

(Artigo de opinião publicado na edição impressa de fevereiro de 2020)

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