Em casa e para os amigos, Sara é Sica. É assim que carinhosamente a chamam. É determinada e responde de forma pronta a qualquer pergunta. Quer ser polícia mas não sem antes vestir a camisola da seleção nacional de Karaté e, quem sabe, ser campeã europeia. A paixão pela modalidade já lhe valeu quase uma centena de medalhas em apenas 7 anos.
DL: Como é que tudo começou?
O meu treinador decidiu ir ao meu ATL dar aulas e disse para eu atacar com aqueles socos e pontapés, na altura eu não tinha jeito mas experimentei e fui. A minha mãe na altura não me deixava vir porque ela dizia que eu já era maluca de mim própria mas eu quis vir na mesma, gostei e continuei até agora.
DL: O que sentes quando estás combatendo?
Sinto aquela adrenalina para atacar a adversária, sempre fui doida pelos combates e é sempre nos combates que quero ficar.
DL: É difícil conciliar a escola com o Karaté?
Sim porque venho treinar praticamente todos os dias mas eu consigo e apanho boas notas.
DL: Como é que explicas o teu sucesso?
Já completei vários objetivos como o último de conquistar os Open´s em que combato com muitas nacionalidades e tem sido magnífico. Tenho conseguido muitas medalhas. Agora o meu próximo objetivo é ser campeã europeia mas para isso preciso de entrar na seleção e não consegui.
DL: O que falta para entrares?
O treinador tem que vir cá para ver se sou boa o suficiente. Mas para entrar agora preciso de ganhar mais um campeonato nacional, o próximo, e depois logo se vê.
DL: Pensas em fazer carreira da modalidade?
Para ser sincera, não. Tenho outros objetivos, quero ser polícia. Mas quero chegar ao cinto preto e quero ganhar mais títulos e depois veremos.
DL: O que achas mais importante, a cabeça ou o corpo?
A cabeça é muito importante, é preciso saber como atacar mas sem o corpo não conseguimos fazer os ataques. Precisamos estar muito preparados para o combate fisicamente e ter resistência.
DL: O facto de ires combater ao continente intimida-te ou já não?
Antes sim porque ninguém me conhecia e eu não conhecia ninguém, mas agora passo pelas pessoas e elas já me cumprimentam, conhecem-me em todo o lado.
Treinador do Clube de Karaté de Lagoa (CKL) há quase 20 anos, António Moniz fala com orgulho da instituição que ajudou a fundar no ano 2000. O CKL nasceu do Dojo Micaelense, um clube pioneiro na modalidade.
Atualmente, o clube lagoense dedicado ao Karaté Shotokan conta com 51 atletas federados dos 4 anos até aos 40. E para além de atletas da terra, o CKL conta com duas irmãs suecas, de 5 e 6 anos. A mãe, à semelhança de outros pais, assiste ao treino das duas filhas. Angélica Bernemark e o marido vieram para os Açores há dois anos e meio. Em conversa com o Diário da Lagoa, a sueca, explicou que chegou até ao CKL porque “recomendaram-nos o clube de Karaté da Lagoa e adoramos, é um sítio óptimo para treinar”. Sobre a comunicação do treinador com as duas atletas, António Moniz diz que a língua não é um problema e “elas percebem tudo por gestos” não havendo, no tapete, obstáculos ao desenrolar da prática. “Tenho o privilégio de ter crianças no clube que têm sempre cincos na escola”, reforça, orgulhoso.
O instrutor diz que “a Lagoa sempre teve meninas muito boas no Karaté que ganhavam tudo a nivel regional”, mas Sara Pereira assume um lugar de inevitável destaque. O treinador diz que a queda para determinada atividade “nasce com a pessoa que tem de ter muito foco e motivação”.
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