Maria Chaves Martins
Licenciada em Direito
A emergência climática está na ordem do dia das várias agendas, cada uma com um pensamento próprio no caminho a percorrer para o seu combate, sem prejuízo das diretrizes gerais fruto dos compromissos assumidos: uns são para cumprir, outros para ir cumprindo e aqueles que são “para inglês ver”.
É um conceito materializado na dialética do dia-a-dia. Mas é parte integrante das ações diárias? Limita comportamentos ou só pensamentos? O combate à emergência climática é um chavão sem reflexos práticos – demagogia?! Retórica merecedora de reflexão para rebentar a bolha ambiental.
As alterações climáticas são uma verdade incontestável, há muito consolidada pela ciência. E o seu impacto na vida das pessoas, animais e natureza faz soar os alarmes da emergência climática.
Ainda assim, há sempre alguém que não quer ouvir a verdade inconveniente, especialmente os tomadores de decisões políticas, fazendo “tábua rasa” do impacto das alterações climáticas nos grupos vulneráveis.
São e serão esses grupos os principais afetados pelas alterações climáticas. A média anual, entre 2008 e 2020, foi de 21 milhões de refugiados ambientais – movimentos migratórios originados pela seca, inundações, subida do nível do mar, etc. Sendo as pessoas do sexo feminino as mais afetadas.
As alterações climáticas têm impacto na produção alimentar e na saúde pública. As epidemias e pandemias serão cada vez mais frequentes, por exemplo.
Nos próximos seis anos, a missão é evitar que o aquecimento global ultrapasse o ponto de não retorno: o aumento da temperatura global em 1,5ºC, tornando impossível parar as mudanças climáticas.
No entanto, a ciência começa a indicar que esse limite já foi galgado, sendo utópico obstar as alterações climáticas. Porém, há que continuar a batalhar para evitar o continuo aumento da temperatura.
Em paralelo, é essencial fomentar a resiliência para mitigar o impacto dessas alterações, através da adoção de comportamentos preventivos face a hipotéticos danos que possam surgir devido às alterações climáticas.
Uma missão bipartida: evitar o aumento da temperatura global e preparar-nos para o impacto das alterações climáticas.
A localização geográfica dos Açores e as suas características são favoráveis ao aparecimento de eventos descendentes das alterações climáticas. O aumento da temperatura do ar e da água do mar, e diminuição da precipitação são uma realidade regional.
O que está a acontecer nas Calhetas da Ribeira Grande é um exemplo do impacto das alterações climáticas. Já para não falar na destruição causada pelo impacto do Furacão Lorenzo.
Deve olhar-se para a emergência climática com seriedade, adotando-se uma estratégia ativa pautada pela maximização dos mecanismos disponíveis, considerando a variável “alterações climáticas” em todas as equações.
Da prática resulta o oposto, sobretudo junto daqueles que decidem a execução das políticas regionais. Prova disso foi o chumbo da Assembleia Regional, no passado mês de Maio, à iniciativa do PAN e do PS, que pretendia criar um instrumento legal com metas ambientais ambiciosas e adequadas à realidade açoriana, determinando a celebração de um pacto com o ambiente.
O ambiente é uma causa de todos e para todos. Mas há aqueles que vivem na fantasia da emergência climática e há aqueles que vivem a realidade da emergência climática. É tempo de agir!
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